Para evitar plágio no TCC, cite toda ideia ou trecho não original e formate conforme a ABNT. Use citação direta curta (até três linhas, entre aspas), citação direta longa (mais de três linhas, recuada, sem aspas) e citação indireta (paráfrase com crédito ao autor). Mantenha autor-data e página nas diretas.
O que é plágio e por que acontece no TCC
Plágio é apresentar como suas palavras, dados ou ideias que pertencem a outra pessoa, sem atribuição adequada. Isso inclui desde copiar trechos literalmente até parafrasear sem mencionar o autor, traduzir conteúdos estrangeiros como se fossem originais, reutilizar trabalhos próprios sem indicação (autoplágio) e replicar tabelas, gráficos e imagens sem crédito.
Na prática do TCC, o plágio costuma ocorrer por três motivos principais: pressa, desconhecimento das normas e falsa sensação de anonimato. A boa notícia é que as regras autor-data da ABNT, combinadas com um processo de escrita disciplinado, eliminam o risco. A lógica é simples: toda informação que não é de conhecimento comum (fatos amplamente conhecidos, como “a água ferve a 100 °C ao nível do mar”) precisa de fonte. Se você reformula a ideia de alguém, ainda assim precisa citar o autor; se transcreve literalmente, precisa citar e indicar a página.
Regras essenciais da ABNT para citar e referenciar
A ABNT utiliza o sistema autor-data no corpo do texto e lista de referências ao final do trabalho. O princípio é manter a rastreabilidade: quem lê deve conseguir identificar de onde veio cada ideia, localizar a obra completa nas referências e, quando necessário, a página do excerto citado.
No corpo do texto (citações):
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Forma narrativa: o sobrenome do autor integra a frase e o ano aparece entre parênteses. Ex.: Segundo Silva (2021), …
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Forma parentética: autor e ano ficam entre parênteses. Ex.: (SILVA, 2021).
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Página: obrigatória para citação direta (curta ou longa). Ex.: (SILVA, 2021, p. 23). Para paráfrase, a página é recomendável, embora não seja mandatória, pois ajuda a rastrear a ideia original.
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Citação de citação (apud): use somente quando não houver acesso à obra original. Indique autor original e o autor consultado. Ex.: Costa (1998, apud ALMEIDA, 2019, p. 45).
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Omissões e ênfases: marque cortes com colchetes […] e informe “grifo nosso” ou “grifo do autor” quando acrescentar destaque (negrito/itálico).
Na lista de referências: siga a norma de referências bibliográficas (livros, capítulos, artigos, sites, legislações etc.) e mantenha consistência de pontuação, capitalização de títulos, ordem dos elementos e uso de itálico. A melhor estratégia é criar um modelo e preenchê-lo ao longo do projeto, em vez de deixar tudo para o final.
Elementos essenciais de uma referência (exemplos genéricos):
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Autor(es) (SOBRENOME, Prenomes abreviados)
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Título: subtítulo (se houver)
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Edição (se não for a primeira)
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Local de publicação
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Editora / periódico / repositório
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Ano
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Páginas ou doi/URL e data de acesso (quando aplicável)
(A lista acima é a única lista com marcadores deste texto.)
Citação direta: curta, longa e com supressões
A citação direta reproduz palavra por palavra um trecho de uma obra. A ABNT diferencia curta (até três linhas) e longa (mais de três linhas), além de prever ajustes formais (supressões, interpolações e destaques).
Citação direta curta (até três linhas):
Integre o trecho ao parágrafo, entre aspas duplas, mantendo a mesma fonte do texto. Acrescente autor, ano e página.
Exemplo (forma narrativa): Segundo Moura (2020, p. 57), “a análise temática permite identificar padrões de significado no corpus”.
Exemplo (forma parentética): “A análise temática permite identificar padrões de significado no corpus” (MOURA, 2020, p. 57).
Citação direta longa (mais de três linhas):
Apresente em bloco recuado (recuo à esquerda), sem aspas, com tamanho de fonte menor e espaçamento simples. Ao final, informe autor, ano e página.
Exemplo:
A análise temática é particularmente útil quando o pesquisador busca categorias emergentes a partir dos dados empíricos, pois “organiza e descreve o conjunto de dados minuciosamente, oferecendo interpretações que vão além de uma simples contagem de termos ou frases, ao destacar significados que se repetem ou se contrastam” (MOURA, 2020, p. 58).
Supressões, interpolações e ênfases:
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Corte de trechos irrelevantes: use colchetes com reticências para indicar supressão: “a análise […] oferece interpretações”.
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Ajustes de clareza: acréscimos do próprio autor também vão entre colchetes: “a análise [temática] oferece…”.
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Ênfases: se você aplicar itálico ou negrito a algo que não estava assim na fonte, acrescente ao final “grifo nosso”.
Erros frequentes com citação direta:
Transcrever sem página; misturar aspas simples e duplas; usar apud de forma rotineira; alongar citações longas transformando o texto em “colagem”; e não padronizar o recuo e a fonte do bloco longo. O antídoto é revisar com um checklist de formatação e manter um gerenciador de referências atualizado.
Citação indireta e paráfrase com autoria
A citação indireta (ou paráfrase) consiste em recontar a ideia do autor com suas próprias palavras, preservando o sentido original e indicando a fonte. Ela não dispensa a citação; ao contrário, exige menção ao autor e ao ano, e recomenda indicar página quando for possível.
Como fazer uma boa paráfrase sem cair em plágio:
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Compreenda o trecho: leia mais de uma vez, feche o livro/artigo e explique a ideia de memória. Só depois escreva.
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Reestruture a frase, não apenas troque sinônimos. Mude a ordem dos elementos, a voz verbal, a estrutura sintática e o foco da afirmação.
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Incorpore sua análise: conecte a ideia à sua pergunta de pesquisa, a dados coletados e a outras fontes, mostrando autoridade e pertinência.
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Cite o autor e o ano mesmo na paráfrase; se possível, inclua a página que inspirou a reescrita (ajuda o leitor e evita ambiguidade).
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Evite mosaico: colagens de fragmentos de várias fontes, ligeiramente alterados, também configuram plágio. Prefira blocos autorais sustentados por fontes claras.
Exemplo de paráfrase correta:
Em vez de “o método X reduz o viés de seleção em amostras pequenas” (texto original), você pode escrever: Silva (2021) argumenta que o método X tende a mitigar vieses de seleção quando o tamanho amostral é limitado, pois encara a variabilidade como parâmetro do próprio ajuste.
Observe que a informação central foi reformulada e contextualizada, com crédito ao autor.
Apud e fontes secundárias:
Se você encontrou uma ideia citada por outro autor e não teve acesso à obra original, informe ambos: o autor original e o autor efetivamente consultado. Use apud com moderação, já que o ideal é conferir o texto de origem para evitar interpretações enviesadas. Em trabalhos de conclusão, a autonomia do pesquisador é um critério de qualidade — depender de fontes secundárias demais empobrece a discussão.
Boas práticas anti-plágio e modelo de formatação (com tabela)
A prevenção ao plágio é um processo, não um toque final. Envolve planejamento, organização de fontes, redação consciente e revisão técnica. A seguir, um modelo resumido que combina passo a passo e padrões de formatação usuais nas diretrizes acadêmicas brasileiras.
Passo a passo para “blindar” o TCC contra plágio (única lista numerada):
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Defina um método de gestão de referências desde o início (planilha, gerenciador ou fichamento). Registre autor, título, ano, páginas-chave e anotações de conteúdo.
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Escreva por blocos temáticos e deixe as citações para a segunda passada de revisão do parágrafo, garantindo que só permanecem as que realmente sustentam seu argumento.
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Marque todo texto copiado (mesmo provisório) com sinalização visível, para não esquecer de transformar em citação direta/indireta depois.
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Parafraseie de olhos fechados: feche a fonte e reescreva a ideia com suas palavras; ao reabrir, confira fidelidade e acrescente a citação.
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Padronize a formatação: diretas curtas com aspas e página; diretas longas recuadas; indiretas com autor-data; evite apud quando houver acesso ao original.
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Faça uma revisão técnica final: verifique coerência entre citações no texto e a lista de referências; confirme páginas das diretas; ajuste eventuais grifos e supressões.
Tabela — Tipos de citação segundo a ABNT (exemplos adaptados)
| Tipo de citação | Quando usar | Formatação essencial | Exemplo no texto |
|---|---|---|---|
| Direta curta | Até 3 linhas, trechos literais essenciais | Entre aspas, fonte do texto, com autor-ano-página | “A análise temática identifica padrões” (MOURA, 2020, p. 57). |
| Direta longa | Mais de 3 linhas, definição ou passagem central | Bloco recuado, sem aspas, fonte menor, página obrigatória | …interpretações que vão além da contagem de termos… (MOURA, 2020, p. 58). |
| Indireta / paráfrase | Reescrita fiel da ideia de outra obra | Sem aspas; autor-ano (página recomendada) | Segundo Silva (2021), o método X reduz vieses em amostras pequenas. |
Detalhes de formatação que evitam deslizes:
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Destaques: se fizer negrito/itálico em citação que não tinha, informe grifo nosso; se já existia, grifo do autor.
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Supressões: cortes sinalizados com […]; nunca altere o sentido do autor.
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Traduções: ao traduzir uma citação, indique que a tradução é sua quando apropriado; se usar a tradução publicada, cite a edição traduzida.
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Figuras e tabelas: legendas com fonte e ano; cite no texto o autor-data correspondente.
Integração com a argumentação:
Evitar plágio não significa “encher de aspas”. Bons TCCs dialogam com a bibliografia. Uma paráfrase bem feita resume uma contribuição e abre espaço para análise própria, enquanto uma citação direta curta preserva definições precisas que não devem ser alteradas. A citação longa, por sua vez, é excepcional — use quando o leitor precisa da passagem integral para compreender o debate. Em todos os casos, explique por que a citação está ali e conecte-a ao seu objetivo e método.
Coerência entre texto e referências:
Cada autoria citada no corpo do texto deve ter uma referência completa ao final, e vice-versa. Trabalhe com um banco de referências desde o projeto; ao concluir um capítulo, rode uma verificação cruzada entre citações e lista. Para fontes digitais, registre data de acesso; para artigos, doi quando existir; para livros, edição e editora. Mesmo sem inserir links no TCC, manter esses elementos permitirá que seu leitor rastreie a origem.
Originalidade e contribuição:
A originalidade de um TCC não significa criar algo nunca antes visto, mas produzir uma resposta própria a uma pergunta de pesquisa, apoiada em métodos adequados e fundamentada na literatura. Ao longo do texto, privilegie a síntese (comparando autores), a crítica (apontando lacunas) e a aplicação (relacionando teoria e dados). Quanto mais autorais forem os seus parágrafos, menores as chances de deslize ético.